quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

Beijo


Beijo! O nome é doce demais e, portanto,
Para o lábio hesitar, motivo é que não vejo,
Se ao nome ele se inflama, o que faria ao beijo?
Não se deixe tomar de repentino susto;
Deixou o gracejo, pouco a pouco e sem custo;
Deslizou logo após comover-se tanto
Do sorriso ao suspiro e do suspiro ao pranto;
Basta-lhe deslizar dos olhos para a boca:
Das lágrimas ao beijo a diferença é pouca.
Mas...somente um beijo? O que é que se não peça?
Um voto que se faz mais perto; uma promessa
Mais firme; uma expressão que a alma elabora;
Um ponto rosáceo no lábio que se adora;
Segredo que se diz...na boca; uma centelha
Do infinito, e que faz leve rumor de abelha;
Comunhão que nos dá de pétalas o gosto;
Modo de se aspirar o coração no rosto
E de provar-se, um pouco, à flor dos lábios, a alma.

Texto retirado da obra Cyrano de Bergerac de Edmond Rostand

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